No último dia 25 de setembro, foi celebrado o Dia Nacional do Rádio, uma data que também homenageia Edgar Roquette-Pinto, o “pai da radiodifusão no Brasil”, nascido neste mesmo dia, em 1884. Roquette-Pinto foi o responsável pela criação da primeira emissora do país, inaugurada em 1923. No entanto, a história do rádio no Brasil começa antes desses marcos, com eventos que antecederam a difusão em todo o território nacional.
No final do século XIX, o padre e cientista Roberto Landell de Moura realizou uma série de pesquisas e experimentos que o colocam entre os primeiros a transmitir som e sinais telegráficos sem fio por meio de ondas eletromagnéticas. Esses feitos, que contribuíram diretamente para o desenvolvimento do telefone e do rádio, continuam a gerar debates sobre quem pode ser considerado o verdadeiro inventor dessa tecnologia.
Em 16 de julho de 1899, 23 anos antes da primeira transmissão oficial no Brasil, Landell fez sua primeira transmissão pública, na capital paulista. O experimento ocorreu entre o Colégio das Irmãs de São José, no bairro de Santana, onde se encontrava o transmissor, e o receptor localizado na Ponte das Bandeiras. Segundo registros da época, Landell pediu que fosse tocado o Hino Nacional Brasileiro. Em 1900, ele teria realizado uma transmissão que cobria uma distância de 8 quilômetros, entre o alto da Avenida Paulista e o Alto de Santana. Apesar de seus feitos ficarem por muito tempo desconhecidos pela população brasileira, Landell de Moura iniciou a extraordinária jornada do Brasil com o futuro da comunicação.

Como já mencionado, a primeira transmissão radiofônica oficial no país ocorreu em 7 de setembro de 1922, durante as celebrações do centenário da Independência. Naquele ano, o Rio de Janeiro, então capital federal, abrigava uma grande feira internacional, com a presença de empresários norte-americanos que trouxeram a tecnologia da radiodifusão para demonstrar ao público. Na época, a rádio era a tecnologia de ponta nos Estados Unidos, representando uma verdadeira revolução na comunicação.
Para testar essa nova tecnologia, os americanos instalaram uma antena no pico do Morro do Corcovado, onde hoje se encontra o Cristo Redentor. A primeira transmissão foi um discurso do presidente Epitácio Pessoa, captado em Niterói, Petrópolis, na Serra Fluminense e até em São Paulo, onde foram instalados receptores.

Ao presenciar esse momento de inovação, Roquette-Pinto percebeu o grande potencial dessa nova tecnologia como ferramenta para a educação. Buscou apoio do governo para financiar os equipamentos apresentados na feira e, com a ajuda da Academia Brasileira de Ciências, conseguiu adquiri-los. Em 20 de abril de 1923, fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
Mais de 100 anos depois, outras formas de comunicação, como a televisão, que ganhou destaque a partir da década de 1960, e a internet, especialmente a partir dos anos 2000, passaram a disputar a atenção do público. A cada nova tecnologia, surgia a ideia de que o rádio estava com os dias contados. Mas será que os brasileiros realmente deixaram de ouvir rádio?
De acordo com a pesquisa Data Stories Inside Audio 2025, produzida pela Kantar IBOPE Media, o rádio ainda alcança 79% da população nas 13 principais regiões metropolitanas, com uma média de quase 4 horas de escuta diária. O rádio continua sendo um dos meios de comunicação mais presentes e influentes na vida dos brasileiros. Cerca de 70% dos conteúdos produzidos pelas emissoras de rádio são consumidos diretamente no formato AM/FM, mostrando que o rádio ainda desempenha um papel significativo na maneira como as pessoas se informam e se divertem.

A cada ano que passa, fica mais claro que a ideia de que o rádio se tornaria obsoleto não reflete a realidade. Toda tecnologia segue um ritmo de evolução e adaptação, e o formato de áudio não é diferente. Ele oferece uma experiência única que outros meios de mídia não conseguem replicar. Em um mundo dinâmico e de ritmo acelerado, o rádio permanece como o meio ideal para nossa rotina, nos permitindo estar informados e entretidos enquanto desempenhamos nossas múltiplas tarefas diárias.